Manifestantes
e policiais costumam divergir dos números – às vezes porque
chutam mesmo, na cara dura, sem recorrer a métodos. Para buscar
precisão, o instituto Datafolha desenvolveu uma técnica. Primeiro,
eles dividem por setores o espaço onde está ocorrendo a
manifestação. A
cada hora, uma equipe de 40 pesquisadores posicionados ao longo do
percurso registra a concentração média de pessoas por metro
quadrado.
O
máximo dos máximos são sete pessoas por metro quadrado, o que
ocorre em uma situação de confinamento. Um exemplo é o metrô de
São Paulo em horário de pico, diz Alessandro Janoni, diretor de
pesquisa do Datafolha. “Eventos com deslocamento, como a Parada Gay
ou a Marcha para Jesus, reúnem, durante a caminhada, no máximo,
três pessoas por metro quadrado. Mais do que isso impossibilita a
movimentação. A média desses eventos vai de aproximadamente 1,8 a
2,2 pessoas por metro quadrado”, detalha.
Ao
mesmo tempo, outra equipe realiza uma pesquisa para traçar o perfil
dos participantes e verificar
a que hora eles chegaram no evento. Esse segundo levantamento vai ser
capaz de apontar quantas pessoas entram e saem da mobilização a
cada hora.
Com
isso, é feito um cálculo complexo, que cruza o horário de
realização da entrevista com o horário de chegada do entrevistado
no evento. Por meio desse cruzamento, tem-se a taxa de pessoas que
entraram no movimento em intervalos regulares de 60 minutos. “Essa
taxa é projetada a cada hora sobre o total de pessoas rastreadas por
metro quadrado. O número de pessoas que participaram do evento
corresponde ao primeiro
rastreamento somado aos entrantes de cada hora que durou o evento”,
explica Janoni.
Complicado,
né? Por isso tem quem chute, apontando muitas vezes onde sua
ideologia manda.