terça-feira, 31 de julho de 2012

Reaberta em 2009, Governo reafirma compromisso com desenvolvimento e geração de empregos em Xapuri


Governador inaugura usina de beneficiamento de castanha em Xapuri

Fazendo valer os princípios de valorização do extrativismo defendido por Chico Mendes na década de 1980, o governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis (Sedens), reinaugura, após ampliação e modernização, a Usina de Beneficiamento de Castanha Chico Mendes, em Xapuri, administrada pela Cooperacre (Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre).
A solenidade de retomada das atividades na indústria de beneficiamento aconteceu nesta sexta-feira, 27, e contou com a presença do governador Tião Viana, do presidente da Cooperacre, Manoel Monteiro, dos secretários Edvaldo Magalhães (Sedens) e Lourival Marques, da Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof), do senador Aníbal Diniz e dos deputados Élson Santiago, Moisés Diniz e Manoel Moraes.

Com quase 80 anos vividos e dedicados ao extrativismo nas florestas do Acre, o presidente da Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre, Manoel José da Silva, o "Manoel da Gameleira", não escondia a emoção ao falar que nesta sexta-feira, 27 de julho, realizava um sonho que carregou por anos.
"Como produtor e como presidente da cooperativa, fico muito feliz. Esse é um sonho que tínhamos desde a época de Chico Mendes. A nossa expectativa é muito boa. Isso poderia ter se acabado, porque antes a gente vendia apenas a matéria-prima, não havia a indústria, e a gente ia perdendo espaço porque a concorrência pressionava. Agora, com a indústria, temos a garantia de dois clientes grandes", comemora o presidente da Cooperacre.
As boas expectativas também permeiam os sentimentos do superintendente da Cooperacre, Manoel Monteiro. De acordo com ele, ainda há no Acre quem não compreenda a importância de uma usina de beneficiamento de castanha para os extrativistas e para a sociedade.
"Aqui os extrativistas têm uma indústria que garante a compra de toda a produção deles por um preço mais justo, uma indústria com maquinário e de qualidade que garante ao produto final também ter qualidade. Para nós isso e muito importante", destacou Manoel Monteiro.
Desenvolvimento sustentável e econômico de mãos dadas

A filha do líder seringueiro Chico Mendes, Elenira Mendes, também se emocionou ao lembrar os ensinamentos deixado pelo pai, quando lutava nos "empates" nos seringais de Xapuri. Elenira Mendes disse que a reinauguração da nova usina de beneficiamento de castanha é, sem dúvidas, um momento especial para a família do líder seringueiro.
"Estamos marcando um novo tempo de crescimento, de desenvolvimento para os cooperados, para os extrativistas, mostrando que é possível, sim, aliar o desenvolvimento sustentável com o desenvolvimento econômico dos pequenos produtores, dos extrativistas, dos cooperados, dos seringueiros. Aqui está se consolidando mais um sonho do meu pai, que era ver essa comunidade bem assistida e podendo, com seu suor, com seu trabalho, ter uma vida mais digna, e nós agradecemos tudo isso ao nosso governador, ao esforço de Manoel Silva e de Manoel Monteiro por conseguirem aliar suas forças", frisou.
Elenira afirmou que a consolidação do extrativismo cooperado da Usina de Beneficiamento de Castanha de Xapuri serve, segundo ela, para "calar a boca de muitas pessoas que insistem em dizer que o sonho de Chico Mendes, que seus ideais eram atrasados, que só traziam o atraso para o nosso Estado".
A filha de Chico Mendes prosseguiu dizendo que o ato de reinauguração da indústria serve para mostrar que seu pai conseguia ver muito além.
"Graças a Deus, o governo da Frente Popular tem resgatado cada sonho, cada esforço não só do meu pai, mas de cada pessoa que está sentada aqui, que buscou esses sonhos, esse ideal, e mostrar que é possível aliar o desenvolvimento florestal, a preservação de nossas florestas com a luta daquele povo que acreditava nisso", pontuou Elenira.
A segunda maior indústria do Acre
Edvaldo Magalhães destacou que o novo prédio da usina passou por um processo de reestruturação e modernização para atender, inclusive, um importante contrato que a Cooperacre tem firmado com a Nestlé e Nutrimental.
"Hoje a Cooperacre é fornecedora exclusiva da Nestlé e da Nutrimental, e isso é motivo de celebração porque todos os investimentos dessa indústria foram feitos pela própria cooperativa. Aqui há a participação do governo com sua Lei de Incentivo à Indústria."
De acordo com o secretario de Indústria e Comércio, a cooperativa aproveita bem os incentivos ofertados pelo governo. Todos os investimentos que fizer na infraestrutura de sua fabrica ela ganhará como retorno crédito de ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadoria) na hora que for comercializar seu produto.
Tião Viana ressaltou que em todo o mundo o cooperativismo envolve cerca de um bilhão de pessoas, e o Acre está inserido, dando essa lição com a Cooperacre.
"Já temos a segunda maior unidade em exportação do Acre, só perdendo para a indústria de Laminados Triunfo. Aqui são trabalhadores que se uniram e acreditaram no poder da castanha, acreditaram na borracha, na produção de frutas, na industrialização, e são 250 empregos diretos, numa atividade que esta com potencial econômico extraordinário", disse Viana.
O governador destacou que somente nessa modernização da indústria foram investidos mais de R$ 2,5 milhões. "Aqui a gente divide a alegria e a confiança no Acre da industrialização e da geração do emprego e da renda", comentou o governador.
A hora e a vez dos extrativistas
O senador Aníbal Diniz destacou que, assim como o governo do Acre está transformando o Estado no endereço da piscicultura, o trabalho da Cooperacre está transformando o Acre no endereço do extrativismo da castanha.
"Aprendemos com esse ato porque o projeto da Frente Popular, do governo, valoriza o extrativismo. Aqui nós temos a segunda maior exportadora do Acre, e com potencial para ser a primeira", declarou o senador.
Para o deputado Moisés Diniz, o bom uso que a Cooperacre faz da Lei de Incentivo à Indústria é uma prova de que os extrativistas mostram que agora é chegada sua hora.
"Os governantes do passado, de 15 anos, 20 anos atrás, diziam que vocês não iam resistir no trabalho extrativista, que o único direito de vocês era morar 'onde nem o apinguari queria'. Mas surgiram homens como Jorge Viana e Tião Viana, e vocês estão mostrando a força que têm. Viva o Acre, viva o extrativismo e viva o cooperativismo", celebrou o deputado estadual.

A Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Estado do Acre (Cooperacre) possui três usinas para beneficiamento e industrialização de castanha, borracha e poupas de frutas em Xapuri, Brasileia e Rio Branco. É o segundo empreendimento do Estado que mais exporta produtos para outras regiões do país.
Para dar conta da demanda, a Cooperacre usou recursos próprios para reformar a infraestrutura do prédio e comprar novos maquinários, um investimento de R$ 2,5 milhões. Com as mudanças, a usina aumentou sua capacidade de produção e passa a beneficiar e empacotar, tipo exportação, mais de 100 toneladas de castanha por mês. A matéria-prima é toda oriunda dos seringais de Brasileia e Xapuri.
O principal destino da castanha são os mercados do Sul e Sudeste do país. “Hoje, nossos maiores compradors continuam sendo os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, mas mantemos um contrato de exclusividade com a Nestlé, a Nutrimental e outras empresas de grande porte”, declarou Manoel Monteiro, superintendente da Cooperacre.
Ainda de acordo com Monteiro, na safra deste ano, correspondente aos meses de novembro a abril, a Cooperacre comprou dos cooperados mais de 500 mil latas de castanha, o equivalente a 7 milhões de quilos, contabilizando um investimento de R$ 15 milhões, em compra de matéria-prima.
A aquisição beneficiou diretamente mais de 2 mil famílias de cooperados, distribuídos em 36 cooperativas e associações, que trabalham coletando castanha em suas colocações. “Depois de beneficiada e empacotada, essa compra de R$ 15 milhões deve nos render cerca de R$ 30 milhões, recurso que estamos investindo na modernização da nossa usina”, adiantou Monteiro.
Para atender a demanda do mercado, a Usina de Beneficiamento de Castanha Chico Mendes mantém cerca de 80 funcionários, que trabalham diretamente no beneficiamento e empacotamento do produto.

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