quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Diário de bordo


Maxsuel Maia

Depois de alguns dias de exílio na saudosa Manacapuru, estou de volta ao Acre com as energias renovadas e a consciência tranquila por ter escolhido o que considerava ser o melhor para minha cidade. A viagem foi demorada e cansativa, mas aproveitei para ir degustando a derrota, sem procurar culpados, apenas respeitando e reconhecendo a vontade do povo xapuriense.

Alguns fatos curiosos aconteceram no percurso, dentre os quais vou enumerar apenas os principais.

Logo no embarque, um casal vestido de verde não queria seguir viagem e se jogou n'água logo ali, no porto da Sibéria, alegando que queria ficar em casa mesmo. A segurança da balsa teve que agir rápido e trancou os dois na cabine 43 da embarcação.

Passado o primeiro incidente, ouvi dois homens, vestidos de amarelo, chamando, aos berros, por um deputado: "deputado, jogue uma corda! Deputado, salve ao menos nós dois!" O deputado, de braços cruzados, nem ligou e ainda sussurrou: "me envergonharam e ainda botaram em xeque minha força política no município, daqui a 40 minutos vou embora pra Rio Branco", virando as costas e subindo o barranco com dificuldade.

A galera de vermelho estava um choro só. Alguns, mais conscientes, tentavam consolar os mais chorões, que de tão revoltados chegaram até a chamar o povo xapuriense de burro ou rogar praga ao novo prefeito. Quanta tolice, o povo é sábio e merece ter sua vontade respeitada. O prefeito atual nem na balsa fez política, cuidou logo de improvisar um gabinete na cabine 13, reunir uma equipe e traçar metas e objetivos para os próximos dois meses de mandato. Não era pororoca, mas a onda vermelha invadiu o Rio Acre.

O fato mais curioso ficou por conta de um senhor baixinho, invocado, brabo e desbocado. O sujeito entrou na balsa todo humilde, cordial e com um bíblia embaixo do braço, dizendo ser cliente vip da empresa responsável pelas viagens da linha Xapuri-Manacapuru. Ao ver que sua cabine de costume já estava ocupada esse homem se transformou, esculachou a comissária, xingou o comandante da balsa de ladrão, chamou os outros viajante pra briga e ainda tentou intimidar todo mundo dizendo que volta em 2014. Culpa do "menino sorriso".

A viagem de volta seguia tranquila, sem grandes acontecimentos, até que um vídeo comprometedor para uma certa candidata bombou na balsa. Era gente querendo assistir, gente querendo postar no face, gente querendo explicações e uns, mais atrevidos, procurando a candidata pra ver se não tinha sobrado uns trocados. A dita cuja se jogou no rio e subiu a nado rumo a Xapuri. Dizem que ela já está por lá, tentando se explicar.

Em resumo, foi o que de melhor aconteceu. Confesso que o embarque na balsa é doloroso, mas a viagem até que é divertida. Se tiver que embarcar novamente em 2014, irei com todo o prazer, sempre na certeza de que segui minhas convicções ideológicas e políticas.

Ah, ia esquecendo. Sorte e sucesso ao novo prefeito.

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