quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

“Barulho de Igrejas” lidera lista de reclamações de poluição sonora em Rio Branco


Que o número de igrejas é superior ao de bares, isso todo mundo já sabia. Agora, o que pouca gente sabe, é que as cerimônias religiosas, sobretudo as evangélicas, superaram também as casas noturnas em barulho. Um assunto que vinha sendo tratado em silêncio veio à tona essa semana depois de declarações do líder do prefeito Marcus Viana na Câmara Municipal, vereador Gabriel Forneck (PT) durante debates sobre poluição sonora em Rio Branco.

A Secretaria do Meio Ambiente do município (SEMEIA) informou que são os vizinhos de igrejas quem mais denunciam a poluição sonora, principalmente, ao Ministério Público Estadual. De todas as ocorrências registradas, 30% são por causa do “pancadão do senhor” promovido pelas bandas no interior das Igrejas. No início desta semana, mais uma foi notificada pela SEMEIA: a Igreja Missões Cristo para as Nações (MCN), no Abraão Alab.

O vice-presidente da Associação de Pastores Evangélicos do Acre, Jucemir Bernadino, reconhece o problema, diz que a lei precisa ser cumprida, mas pede que seja feita a mesma justiça para bares e casas de festas.

Mas no caso das igrejas evangélicas, a diretora do controle ambiental da (SEMEIA), Marcia Oliveira, aponta para a resistência de pastores que se baseiam no artigo da Constituição Federal que trata o culto como um direito inviolável. Para estes pastores, os fiscais da prefeitura são classificados como “demônio” obstinação que tem levado o órgão a lacrar portas que deveriam ser meio para encontrar paz e tranquilidade. O assunto preocupa a associação de pastores.

“Não é por ai… muitas vezes nós colocamos uma culpa no demônio sendo que nós é que temos de estar polado de nossos direitos. Têm que se respeitarem as autoridades”, alerta Jucemir Bernadino.


Pastor Jucemir pede que bares e casas noturnas sejam fiscalizadas com o mesmo rigor

O excesso de queixas levou a secretária de meio ambiente, Silvia Brilhante, a procurar o setor jurídico da Prefeitura Municipal de Rio Branco na tentativa de buscar uma conscientização dos líderes religiosos e evitar que processos esbarrem na Justiça.

“O município tem sido tolerante em todos os casos, tanto de igrejas como de donos de bares. Ocorre que como o comércio é lucrativo, estes procuram se adequar rapidamente à lei 1.330/99. A dificuldade existe por parte de igrejas que tem pouca condição financeira”, detalhou Silvia.

Nem tudo é tão simples assim. Se adequar a lei ambiental para muitas igrejas significa pôr-a-mão no projeto moderno que mais arrebanha membros jovens para o mundo evangélico: as bandas. Diferente do tempo em que pastores tinham apenas um velho mega-fone ou uma bateria a pedal como “instrumento para livrar os jovens do pecado”, a evolução da música é responsável pelo novo movimento evangélico, conforme explicou o Pastor Jucemir. O que os religiosos não contavam é que o “pancadão do senhor” fosse responsável pela medição de decibéis acima do permitido na maioria das igrejas fiscalizadas em áreas residenciais.

“Temos que nos adequar com esse quesito poluição, precisamos principalmente de orientações técnicas, de ajuda. Uma contrapartida para ajudar as igrejas menos favorecidas. Isso traria mais ganhos para a sociedade”, concluiu o pastor.

A SEMEIA divulgou o número 3228 5765 para o oferecimento de denúncias. Em zonas residenciais o máximo de ruído permitido é de 45 decibéis para períodos noturnos. Após as 22 horas o ruído tem que ser zero.
Fonte: Ac24horas.com

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